“A Psicologia do Armazenamento: Porque as Pessoas Estão Comprando Papel Higiênico em Pânico”.
Esse acima é o título da matéria postada ontem, 12/03, no site da NBC New York. Já tinha visto vários memes como esse da foto e também fotos de vários amigos aqui de Utah (estado onde moro nos EUA), que viram pessoas com os carrinhos lotados de papel higiênico! Sim, papel higiênico!
Ontem mesmo fomos no Sam’s Club comprar água, pois aqui compramos os fardos com 30-40 garrafinhas e já estávamos no último fardo. Chegamos lá e nada de água (mesmo com limite de 2 fardos por membro) e também nada de papel higiênico…hã?! Isso mesmo! E com previsão de ter somente no dia seguinte (hoje, no caso).
Por sorte, encontrei uma amiga que nos disse que em um mercado comum em outra cidade ainda tinha água, papel higiênico e tudo mais. Fomos lá, perguntei se tinha limite por pessoa para a água e não. Pegamos nossos 4 fardos de sempre e 1 pacote de papel higiênico. Diferente do Sam’s Club, as prateleiras estavam cheias, tinha bastante gente, mas todos pareciam estar fazendo suas compras normais.
Pessoas no mundo inteiro estão comprando em grandes quantidades comida enlatada, desinfetantes para as mãos, água e papel higiênico. Mas por que pessoas estão estocando papel higiênico?! Teria alguma explicação?!
Texto da imagem: “Armadura de papel higiênico coronavírus nível 19”.
Bom, alguns psicólogos falaram à CNBC para explicar o por que de nosso cérebro nos pressionar a entrar em pânico, mesmo que as autoridades tenham garantido que não precisa. Segundo o psicólogo do consumo, Paul Marsden de Londres, uma resposta curta seria explicada pela terapia do varejo, que basicamente compramos para gerenciar nosso estado emocional. “Trata-se de ‘retomar o controle’ em um mundo em que você se sente fora do controle”, disse Marsden.
Padrão de comportamento
Sander van der Linden, professor assistente de psicologia social da Universidade de Cambridge, disse: “Quando as pessoas estão estressadas, sua razão é prejudicada, então elas olham para o que as outras pessoas estão fazendo. Se outras pessoas estão estocando, isso leva você a se envolver no mesmo comportamento”, disse ele. “As pessoas veem fotos de prateleiras vazias e, independentemente de ser racional, envia um sinal para elas de que é o que tem que fazer”.
O mais interessante foi ter experimentado as duas situações ontem, em mercados diferentes: enquanto que no Sam’s Club eu estava perdida, que nem barata tonta para lá e para cá, mesmo com minha listinha, eu olhava o carrinho de todas as pessoas, via o que estavam comprando e ficava confusa. Enquanto que no Smith’s (tipo Walmart) eu estava muito mais centrada e sabia exatamente o que pegar, justamente porque as prateleiras estavam cheias, as pessoas pareciam tranquilas e aparentemente fazendo suas compras normais.
Linden ainda completa: “Às vezes, pode haver muito valor no conhecimento social – de uma perspectiva evolutiva, quando não sabemos como reagir a algo, procuramos orientação por outros. Se você está na selva e alguém pula para longe de uma cobra, você automaticamente faz a mesma coisa”.
Sobre o inusitado papel higiênico
Com a pandemia do vírus, é compreensível que as vendas de sabonetes e álcool em gel aumentem no mundo todo. Mas um item inusitado tem sido estocado também – o papel higiênico. Segundo o professor de psicologia do consumidor e de negócios de uma universidade em Londres, Dimitrios Tsivrikos, o papel higiênico se tornou um “ícone” do pânico em massa.
“Em tempos de incerteza, as pessoas entram em uma zona de pânico que as torna irracionais e completamente neuróticas“, disse ele. “Em outras condições de desastre, como uma enchente, podemos nos preparar porque sabemos quantos e quais suprimentos precisamos, mas temos um vírus agora que não sabemos nada“.
“Quando você entra em um supermercado, procura valor e volumes altos”, acrescentou, observando que as pessoas são atraídas pela grande embalagem em que o papel higiênico se encontra quando procuram recuperar a sensação de controle.
Tsivrikos e van der Linden, disseram à CNBC que a falta de uma voz clara das autoridades estava alimentando o pânico. “O público está recebendo conselhos conflitantes do governo e dos varejistas”. “Então as pessoas compram em massa”.
No entanto, Peter Noel Murray, membro da Associação Americana de Psicologia e da Sociedade de Psicologia do Consumidor de Nova York, discordou que as figuras de autoridade tinham o poder de acalmar a tendência de compra de pânico. “Se as autoridades dissessem consistentemente que esse vírus não é um problema, isso não mudaria nada”, disse ele à CNBC. “As campanhas autoritativas não são bem-sucedidas se não abordarem o comportamento das pessoas”.
Segundo Murray, as respostas cognitivas e emocionais foram os dois fatores principais envolvidos na influência de nossas decisões durante situações como o surto de coronavírus.
“Nesse caso, o fator cognitivo é o viés cognitivo, o que significa que tendemos a enfatizar demais as coisas recentes e muito vivas”, explicou. “Quando há um acidente de avião, as pessoas não voam, quando há um ataque de tubarão, as pessoas pensam que todos os tubarões são assassinos. Esse processo nos faz pensar que, seja qual for a coisa/situação atual, é semelhante a alguma coisa terrível – catastrofiza nossa visão do que quer que seja essa coisa”.
No caso do coronavírus, Murray disse que as pessoas podem associá-lo a um surto mortal no passado, como a gripe espanhola de 1918, que matou cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo.
“No lado emocional, a resposta é auto-afirmação. Em nossas mentes, sabemos que um dia estaremos mortos, e a mente lida com isso através de (buscar) o controle“, disse Murray.
“Há uma super representação do medo e a mente das pessoas precisa responder a esse tipo de sentimento”, acrescentou. “A necessidade de auto-afirmação é desencadeada e isso nos leva a fazer coisas irracionais, como comprar um ano de papel higiênico. Isso sobrecarrega o conhecimento de que não precisamos fazer isso”.
E aí…ficou mais claro o por quê do papel higiênico?! Hehe
*As imagens pertencem ao banco de imagens do Google.